Encontro visou a articulação de programas e projetos que serão desenvolvidos no Centro de Formação e Desenvolvimento Sustentável que será implantado pela Knauf, multinacional que vai explorar gipsita na bacia de Camamu

No dia 30 de julho, moradores de Barcelos do Sul, distrito do município de Camamu tiveram a oportunidade de discutir sobre as demandas locais em relação à capacitação e formação profissional com a multinacional Knauf que irá operar uma mina do minério gipsita (matéria-prima do gesso) na localidade. Os programas e projetos de interesse da população serão desenvolvidos no Centro de Formação e Desenvolvimento Sustentável que será implantado pela empresa como contrapartida socioambiental.

Participaram do encontro, representantes da sociedade civil organizada, da prefeitura e de instituições como a Missão Evangélica de Apoio aos Pescadores (MEAP) e a Universidade Estadual da Bahia (UNEB).

O gerente de projetos da Knauf, Albert Hartmann informou que antes mesmo da empresa iniciar suas operações de exploração de gipsita, já está buscando parcerias com diversos agentes visando o desenvolvimento da comunidade.

“Nós temos uma série de condicionantes socioambientais relacionados à licença de instalação do empreendimento, e uma dessas ações é o Centro de Formação e Desenvolvimento Sustentável, para tanto, nós temos que construir mais parcerias e a parceria com a UNEB representada aqui hoje, tem se mostrado potencialmente muito importante”, avaliou Hartmann.

Ainda segundo o gerente da Knauf, “há em Barcelos do Sul um nível de ociosidade muito alto, pesca e agricultura de subsistência e poucas atividades produtivas”. “As pessoas que conseguem se desenvolver um pouco mais, vão embora de Barcelos, são engenheiros, médicos, advogados que não moram mais na cidade por falta de oportunidade e a cidade não se desenvolve. A ideia dos projetos e programas é trazer desenvolvimento para essa sociedade”, acrescentou.

De acordo com o representante, a previsão para o início das operações da empresa em Barcelos do Sul é 2020. “Essa é uma mineração de gipsita que é a matéria-prima do gesso, o gesso que por sua vez, é fornecido principalmente para a indústria do cimento, e em segundo lugar para a indústria do drywall para a construção civil. O terceiro uso é o gesso agrícola. Outro potencial interessante também é a implantação de empresas locais de processamento dessa gipsita que vão produzir o gesso, vão produzir artefatos de gesso, é uma outra fonte de emprego e renda pra região”, detalhou Albert Hartmann.

A jazida de gipsita na bacia de Camamu é a maior do Brasil. Para referência, hoje, 95% da gipsita do país é produzida na bacia do Araripe, em Pernambuco. A reserva de Camamu, segunda Hartmann pode ser até três vezes maior que a de Pernambuco, com vida útil de aproximadamente 200 anos.

Para o escoamento do minério, o gerente informou que existe um trabalho junto ao Governo do Estado para criar rotas alternativas para o transporte da gipsita em caminhões visando diminuir os impactos. No pico da produção, Hartmann estima que o carregamento de seis caminhões por hora.

O investimento no projeto é de R$ 20 milhões, dos quais a metade será aplicada na fase inicial do projeto - para extrair, através de lavra subterrânea, entre 200 mil e 300 mil toneladas anuais, utilizando o minério para fabricação de cimento e placas de gesso.

A Knauf é um dos principais fabricantes de materiais para construção a seco no mundo, presente em mais de 60 países, com 150 fábricas e mais de 25 mil empregados. Tem como missão ser referência no setor de construção a seco para produtos e sistemas inovadores à base de gesso, processos produtivos com eficiência energética e liderança e desenvolvimento de mercado com foco no cliente.

A multinacional possui um parque industrial no município de Camaçari-BA, com área construída de 156.900 m2 e capacidade de produção anual de 20 milhões de m2 de chapas para drywall. Na mesma cidade, mantém um Centro de Treinamento (CT) para capacitar e treinar mão de obra para instalação de sistemas drywall.

A diretora do Departamento de Educação da UNEB, campus XV-Valença, Rosa Lorenzo e a representante da Pró-Reitoria de Extensão Adriana Lima, apresentaram os projetos desenvolvidos pela universidade e demonstração interesse em colaborar com o Centro de Formação e Desenvolvimento Sustentável da Knauf em Barcelos do Sul.

“A universidade se coloca à disposição para buscar os parceiros que podem estar implementando esses projetos de forma coletiva. Estamos aqui pra pensar e planejar juntos. A UNEB tem várias experiências com comunidades que deram certo, agora para dar certo temos que ter um grupo forte”, ressaltou Adriana.

Como exemplos de projetos implantados pelo campus de Valença, a professora Rosa Lourenço citou o Maria Marisqueira e o Maria Camponesa, entre outros programas como formação continuada para professores, universidade para a terceira idade. “Temos muito interesse em ampliar as ações da universidade e a gente precisa tanto do interesse das comunidades quanto do apoio das instituições, organizações, associações, empresas, todos que tenham interesse de ver o desenvolvimento sustentável do Baixo Sul”, destacou.

“Sem a participação da comunidade não vai adiantar nada, a ideia é, a partir dessa discussão, buscar quais são os interesses, quais são as demandas, o que a comunidade acha que é interessante. Esses parceiros vão trazer também propostas e outras ideias e vamos construir isso junto”, ressaltou o representante da Knauf.

Marcelo Lavinica, representante da Prefeitura de Camamu salientou que o poder público municipal tem contribuído para viabilizar a vinda da mineradora. “A Prefeitura de Camamu entende a importância que esse empreendimento significa e desse projeto em específico do Centro de capacitação, por isso, a gente pretende potencializar ao máximo essa estrutura pra todas as comunidades da região transformar isso em benefício para o município inteiro. Temos acompanhado todas as reuniões pra ver as vertentes de desenvolvimento que a comunidade escolhe, esse governo acredita muito nisso, a gente tem que procurar o desenvolvimento sempre e esse espaço aqui vai ser utilíssimo pra isso. Temos que transformar isso em bem estar pra população, pra isso a gente acredita que essencialmente que o primeiro passo é capacitar as pessoas pra que o povo de Camamu possa de fato aproveitar todo esse desenvolvimento”, frisou.

O pastor e missionário da Missão Evangélica de Assistência aos Pescadores (MEAP) da Igreja Batista, Claudinei Amorim, considerou o encontro de suma importância. “Foi uma reunião de muita qualidade e que gera boas expectativas de potencialização de sonhos para que esses projetos sejam colocados em prática realmente”, opinou.

Júlio César Guimarães Rosa, morador de Barcelos do Sul reforça que o desejo da população é ver o distrito se desenvolver. “Temos que buscar o melhor pra comunidade, a busca sempre foi essa, muito antes da mineradora e agora mais ainda. Queremos pelo menos melhorar a vida dos jovens da nossa comunidade, trazer perspectivas de mudanças e oportunidades porque infelizmente estamos perdendo nossa juventude para as drogas”, afirmou.

 

***Reportagem completa veiculada na edição impressa nº 693 do Jornal Valença Agora

 

Fotos: Jornal Valença Agora

 

 

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.