Professora do município, Simone Santos Santiago Brandão foi exonerada da direção da Creche Florisdete de Almeida Cruz e acusa  perseguição; Secretaria confirma remanejamento, mas preferiu não expor o que motivou decisão

No início deste ano as aulas presenciais da rede municipal de educação foi marcada por muitas indignações de pais e de entidades representantes dos trabalhadores da educação, da merenda escolar e do fundo municipal de educação. Os posicionamentos nas redes sociais e em diversas reuniões denunciavam a precariedade das escolas, a falta de transporte escolar, merenda, fardamento. Escolas ainda estavam sendo reformadas, mesmo após dois anos de aulas online por conta da pandemia.

Professora Simone Santiago ao lado da filha Suellen e esposo Jorge na sede do Jornal Valença Agora (Foto: Valença Agora)

Os questionamentos para todas as irregularidades na retomada das aulas presenciais também vieram de uma funcionária da Prefeitura de Valença, a servidora Simone Santos Santiago Brandão, que era diretora da Creche Berçário Florisdete de Almeida Cruz, na Vila Operária, até o dia 19 de julho. Simone, o marido Jorge do Rosário Brandão e a filha Suelen Santiago estiveram no Jornal Valença Agora no último dia 02 de agosto para expor que a exoneração da professora da direção da creche foi motivada pelas cobranças realizada pela mesma à secretaria de educação.

Sem mencionar o que motivou o remanejamento de função da servidora Simone Santiago, a secretária de Educação de Valença, Albete Freitas, em contato com a nossa reportagem, esclareceu que cargo de confiança, como o que Simone ocupava, é de livre nomeação e livre exoneração. “Nós podemos fazer o remanejamento a qualquer momento desde que se faça necessário e foi necessário fazer esse remanejamento da servidora tratando de questões internas que eu prefiro não expor a servidora. Mas digo a vocês que foi tudo feito dentro da legalidade”, afirmou Albete.

No dia 18 de março de 2022, Simone Santiago afirma que enviou ofício para a Secretaria de Educação solicitando auxiliares de classe para apoio aos alunos autistas. Ainda no mesmo mês, a professora conta que realizou duas reuniões com os pais dos alunos da creche a qual dirigia, uma no dia 12 de março e outra no dia 23 de março, esta última com a participação de pais e representantes da secretaria municipal, tendo em pauta a alimentação dos alunos, fardamento, mochila, profissionais para a creche, regularização do horário de funcionamento da creche e atendimento educacional especializado para os autistas, o que em sua avaliação não foi bem visto pela secretaria.

À direita a secretária de Educação de Valença, Albete Freitas na companhia de sua equipe, na sede do Jornal Valença Agora (Foto: Valença Agora)

Em contato com a secretária Albete Freitas, fomos informados que a alimentação da creche, bem como de todas as escolas já foi regularizada. Sobre o fardamento, a gestora municipal da Educação nos relatou que o ganhador da licitação descumpriu o prazo de entrega e que representantes da secretaria viajaram à Feira de Santana nesta sexta-feira (12/08) para resolver a situação. O horário de funcionamento da creche voltará a ser integral a partir da próxima segunda-feira (15/08), comunicou também Albete.

Sobre o atendimento especializado aos autistas, Albete reconheceu eu já dificuldades, porém o município já está com a situação encaminhada capacitando pessoas para o atendimento. “Na cidade não tem pessoas capacitadas e nós estamos capacitando pessoas, e na medida em que formos conseguindo capacitar nós vamos distribuir nas escolas, por isso essa situação um pouco delicada, mas nós já estamos conseguindo isso e aproveito aqui para fazer um apelo às pessoas que tem interesse em acompanhar crianças com TEA, que nos procurem que nós oferecemos o curso e podemos sanar esse problema”, disse.

A professora Simone conta que informou à secretaria municipal de educação a respeito de más condutas de colegas da creche a qual era gestora, entre elas a entrega de atestado médico falsificado. A secretaria Albete Freitas afirma que até o momento não foi comprovada a falsificação do documento. “Até agora nós não temos prova para que as coisas sejam encaminhadas. Nós recebemos e estamos aguardado que a professora Simone comprove que esse documento está falsificado para que a gente tome as devidas providências, porque sem provas cabais a gente não pode punir a servidora, inclusive o que chegou ao nosso conhecimento é que por conta disso a servidora acusada já está tomando providências legais também para ir de encontro com o que a professora Simone apresenta, então as duas devem tomar as providências legais”, disse a secretária Albete.

Antes de sua destituição do cargo de diretora, em julho passado, Simone participou em maio juntamente com sua advogada, de reunião com representantes da secretaria de Educação e assessores jurídicos do município para relatar os problemas enfrentados na creche como retaliações de funcionárias a sua filha, a também funcionária da creche, Suellen Santiago e uma “fake news” sobre o seu marido relacionada ao âmbito da creche. Simone afirmou a nossa reportagem que tais retaliações à filha, representavam perseguições ao seu cargo enquanto diretora. Estava presente entre outros, a secretária interina de Educação, Albete Freitas.

Sobre a mensagem relacionada ao marido da professora, a secretaria Albete disse que não há nenhuma comprovação que os fatos narrados na “fake news” aconteceram, e pelo mesmo também não ser servidor da Prefeitura, não iria comentar.

Sobre a filha Suellen Brandão, contratada pelo município, foi solicitada pela advogada de Simone sua transferência de unidade escolar, o que foi garantido pela secretária. Albete apresentou um documento em que Suellen assinou aceitando sua transferência para a unidade escolar Getúlio Vargas, mas não compareceu até a presente data.

A professora Simone também cobrou na reunião, providências acerca das retaliações sofridas pela filha. Simone e Suellen contaram ao JVA, que ouviram de funcionárias da creche, que por situações ocorridas na creche, Suellen não tinha condições de trabalhar e que por isso, precisava apresentar um atestado médico aprovando sua aptidão, o que foi prontamente apresentado. Suellen possui atestado médico que a aprova como apta a trabalhar em qualquer ambiente. Sobre este assunto, a secretária. Albete Freitas afirmou na reunião envolvendo Simone e sua advogada, que seria aberta uma sindicância para apuração dos fatos.

“Nosso anseio é que a sociedade tome conhecimento do que ocorre e que tome posicionamento, porque nossa cidade merece coisas melhores. Essa é a luta que nós estamos querendo trazer para sociedade, que ela enxergue através desses fatos o que acontece”, afirmou Suellen a nossa equipe.

“Ofenderam a minha família, essa foi a estratégia usada para me tirar o cargo. O que me está me deixando indignada não é a perda do cargo, mas o modo que eu e minha família não fomos ouvidos. Isso é injusto demais. O que eu almejo é justiça”, acrescentou a professora.

Simone afirmou que entrará com uma ação no Ministério Público contra a Secretaria Municipal de Educação pelas irregularidades a qual testemunhou. “Cadê o dinheiro da educação? Por que a educação infantil está desse jeito? Por que esses pais estão passando por isso, não está tendo o horário integral para os alunos. Difíceis as coisas que estão acontecendo dentro do nosso município, principalmente na educação”, são questionamentos e posicionamentos que Simone garante que continuará defendendo.

 

Foto em destaque: Acervo Pessoal Professora Simone Santiago

 

 

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.