As instituições correm o risco de suspender serviços devido ao subfinanciamento do SUS

 

Embora 02 de julho seja o Dia do Hospital, pouco se tem a comemorar. É que, com o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e com os atrasos nos repasses, diversas entidades filantrópicas, em especial as 100% SUS, correm o risco de suspender serviços essenciais. Diante dessa realidade e da crise nacional sem precedentes, o Hospital da Criança Martagão Gesteira e as Santas Casas de Misericórdia de Nazaré, Valença e Cruz das Almas lançam, em conjunto, uma campanha nas redes sociais com um pedido de ajuda para que os valores repassados pelo SUS cubram o custo dos procedimentos realizados, assegurando à população o direito à saúde pública e de qualidade.

Hoje, com a defasagem existente, as contas entre receita e despesa não fecham e o resultado é endividamento, demissões e atrasos de pagamento. Por exemplo, por uma consulta especializada no mercado privado é cobrado, aproximadamente, o valor de R$ 90, para um hospital público custa R$ 54, sendo que é repassado pelo SUS para os filantrópicos somente R$ 17, uma diferença de 70%. Quando se fala em valores de diárias de internamento em UTI, a realidade não é diferente: R$ 1,2 mil é o valor repassado pelo SUS para um custo de R$ 2,2 mil em hospitais públicos diante da cobrança de R$ 3,5 mil na rede privada. Os dados são alarmantes. Diante da crise, nos últimos 10 anos,48 Santas Casas fecharam as suas portas. O déficit total de todas as Santas Casas baianas soma R$ 1 bilhão.

O Martagão Gesteira possui mais de R$ 5 milhões em dívidas somente com fornecedores e médicos, que não recebem pagamento há meses. O número sobe ainda mais quando se trata de endividamento bancário: R$ 20 milhões é o valor atual da dívida com a Caixa Econômica Federal.

A Santa Casa de Valença, que, no ano de 2015, realizou mais de 107 mil atendimentos, fecha, mensalmente, com quase R$ 200 mil negativos. Em Nazaré, a dívida da Santa Casa chega a R$ 5 milhões. A unidade hospitalar em Cruz das Almas, fechada há dois anos, não consegue reabrir, embora reformada e tendo firmado contrato com a prefeitura local, por falta de acordo com o Estado, que até o momento não assinou documento para repasse de cerca de R$ 300 mil/mês para viabilizar o seu funcionamento. Mais de 350 mil pessoas, moradoras de Cruz das Almas e de municípios circunvizinhos, estão impedidas de receber atendimento.

Segundo o Secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, em 6 anos, o Estado dobrou os recursos alocados na saúde, passando de R$ 1,6 bilhão para R$ 3 bilhões/ano. No entanto, ainda de acordo com Vilas-Boas, a União está deixando de investir na saúde, transmitindo cada vez mais o ônus para o Estado.

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