Além das cidades em epidemia da doença, outros 45 municípios estão em risco e 12 em alerta.

A dengue segue fazendo vítimas na Bahia. Nesta terça-feira (26), a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) confirmou a 21ª morte pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O novo caso foi registrado na cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste do estado.

Vitória da Conquista enfrenta um desafiador cenário em sua luta contra a Dengue, com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia emitindo recomendações urgentes para que o município intensifique suas ações de combate à doença. O Estado recomendou que o município amplie o horário de funcionamento dos postos de saúde, inclusive aos finais de semana e feriados, para assegurar a assistência aos pacientes com suspeita de Dengue. Além disso, um ofício direcionado à Prefeitura sugere a imediata instalação de unidades de referência para acolhimento, notificação, coleta de amostras e referenciamento para unidade hospitalar, quando necessário. Contudo, as medidas propostas ainda não foram plenamente adotadas pelo município.

O município, com 11.627 casos de Dengue, figura hoje na primeira posição de registros de casos prováveis da doença, mais que o dobro do segundo lugar, ocupado pela capital baiana, Salvador, com 4.962 casos prováveis.

A UPA estadual de Vitória da Conquista, designada para urgências e emergências, enfrenta uma superlotação com 61% dos atendimentos, sendo casos menos urgentes que deveriam ser gerenciados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais. Em números, isso representa mais de 8 mil pacientes de um total de 13.500 atendimentos mensais, uma situação que destaca a deficiência das estruturas de saúde municipais e compromete a capacidade de resposta a emergências mais sérias na UPA.

No contexto da atenção primária em Vitória da Conquista, a insuficiência é evidente, com apenas 4 das 50 UBS atuando em horário limitado como unidades sentinelas ou de referência, uma configuração que não atende à demanda da população. Essa lacuna na assistência primária contribui diretamente para a sobrecarga da UPA estadual, particularmente agravada pela epidemia de Dengue, indicando uma necessidade premente de ações municipais mais eficazes no controle vetorial e na oferta de serviços de saúde.

Enquanto isso, o Governo do Estado da Bahia tem investido mais de R$ 19 milhões em esforços para combater a Dengue, incluindo aquisição de veículos de fumacê, distribuição de kits para agentes de endemias, medicamentos e iniciativas de capacitação para profissionais de saúde em Vitória da Conquista. Especificamente no município já foram liberados veículos de fumacê entre os meses de agosto a novembro de 2023 e somente em 2024, dez veículos estiveram no município nos meses de fevereiro e março.

De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Sesab, 285 municípios estão em estado de epidemia (68% das cidades). Outras 45 cidades estão em risco e 12 em estado de alerta.

As mortes pela doença no estado foram registradas em 12 municípios. [Veja abaixo lista completa]

Ao todo, 81.428 casos prováveis da doença foram notificados no estado até o sábado (23). O número é 487,8% maior que o registrado no mesmo período de 2023, em que foram notificados 13.854 casos prováveis.

Vitória da Conquista, Salvador e Feira de Santana são os municípios com mais casos prováveis de dengue em 2024, de acordo com os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep). Em Conquista, foram notificados até o momento 11.627 casos; em Salvador 4.962 casos; e Feira de Santana 2.888 casos prováveis.

Ainda assim, a pasta destaca que a Bahia possui índice de letalidade por dengue de 1,47%, percentual abaixo da média nacional, de 3,09%.

O cálculo é feito com base nos casos notificados que evoluem para a forma grave da doença. A avaliação é da Câmara Técnica Estadual de Análise de Óbito da Sesab.

Confira as cidades onde ocorreram as mortes:

  1. Jacaraci, no sudoeste da Bahia (4)
  2. Piripá, no sudoeste da Bahia (3)
  3. Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia (4)
  4. Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano (2)
  5. Barra do Choça, no sudoeste da Bahia (1)
  6. Feira de Santana, a 100 km de Salvador (1)
  7. Ibiassucê, no sudoeste da Bahia (1)
  8. Irecê, no norte da Bahia (1)
  9. Santo Estevão, a 150 km de Salvador (1)
  10. Campo Formoso, no norte da Bahia (1)
  11. Caetité, no sudoeste (1)
  12. Juazeiro, no norte do estado (1)

Ações do estado

Em todo o estado, o governo da Bahia também intensificou ações de sensibilização e mobilização para prevenir as três doenças transmitidas pelo mosquito.

Além disso, foram adquiridos novos carros de fumacê e aproximadamente 12 mil kits foram distribuídos para os agentes de Combate às Endemias. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), a pasta tem prestado apoio para intensificação dos mutirões de limpeza, com o auxílio das forças de segurança e emergência, e aquisição de medicamentos e insumos.

Prédios e outras estruturas públicas estaduais foram vistoriadas e as áreas foram limpas, visando a eliminação de possíveis criadouros. Funcionários também foram instruídos a colaborar com a campanha.

O Corpo de Bombeiros, em parceria com a Sesab, também realizou ações de combate específicas nas cidades de Caculé e Barra do Choça.

"O combate e a prevenção às arboviroses é um trabalho conjunto, que envolve estado, município e também a população. Precisamos desse esforço conjunto, de cada um fazendo a sua parte, para contermos o avanço do Aedes aegypti em toda a Bahia", pontuou a titular da pasta, secretária Roberta Santana.

Vacinação

De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina contra a Dengue significa esperança diante do número de casos da doença no Brasil, mas não é a solução imediata para o atual cenário epidemiológico, seja pelo público-alvo escolhido, que são jovens de 10 a 14 anos, seja pelo quantitativo de doses disponíveis no país.

A estratégia de alocação das vacinas é determinada pelo Ministério da Saúde, que se baseia em indicadores epidemiológicos do ano anterior para definir as áreas prioritárias. Dessa forma, a distribuição leva em conta o cenário nacional e os dados específicos de incidência da doença, não sendo uma decisão que o Estado possa alterar arbitrariamente. Essa abordagem procura maximizar o impacto da vacinação nas regiões mais afetadas, seguindo uma lógica de saúde pública que visa ao controle efetivo da Dengue em todo o território nacional.

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