Sr. Ovídeo Lima deseja murar campo para proporcionar mais segurança e valorizar o espaço de lazer e esporte para uso privado e da comunidade

A população do distrito de Serra Grande, zona rural de Valença, usufrui gratuitamente há muitos anos, do Campo de Futebol Ovídeo Lima, batizado com o nome do seu proprietário, o Sr. Ovídeo Lima, de 86 anos. O espaço foi criado para proporcionar lazer e esporte, além de atrair clientela para o bar e restaurante da família, que está localizado numa área de duas hectares e meia juntamente com o campo e a roça de cacau. Além da população local, o campo também serviu para inúmeros campeonatos de futebol com a presença de esportistas de diversos lugares, o que levou o proprietário Ovídeo Lima a ser homenageado em reconhecimento ao seu apoio ao esporte.

Mantido integralmente pela família Lima, o campo de futebol passará por melhorias em sua estrutura para proporcionar mais segurança, organização e ser uma fonte de renda para a família, que garante que continuará cedendo o espaço para a comunidade, em contraponto ao que vem sendo disseminado pelo vereador Luiz de Serra Grande, representante do distrito. De acordo com a família Lima, o edil é contra as intervenções que o proprietário quer fazer no campo, citando que o espaço é o único equipamento de lazer e prática esportiva da comunidade local.

O Jornal Valença Agora conversou com a família sobre o assunto que se tornou polêmico em Serra Grande e que tem trazido inúmeros constrangimentos a família e ao patriarca Ovídeo Lima, que encontra-se com a saúde abalada com os últimos acontecimentos. Confira a seguir:

Os irmãos Adenilson, Adenora, Ednorá e Daniela, filhos do Sr. Ovídeo Lima. (Foto: Valença Agora)

O que vocês pensam em fazer em relação a esse campo de futebol?

Ednorá Lima (filha do proprietário) – Nós pensamos em murar para ter uma segurança maior e dar uma melhor qualidade de vida para o nosso pai e para toda família, porque é um bem que a gente tem e que a gente precisa para nossa sobrevivência.

Adenora Lima (filha do proprietário) – Com o muro o campo vai ficar bem organizado e vai servir melhor para todo mundo. E pra gente é um bem em que podemos tirar uma renda e ceder para a comunidade usufruir da melhor forma quando precisar

Adenilson Lima (filho do proprietário) – Tem a questão da estética também, vai ficar mais bonito, porque aquela cerca de arame ali tá muito feia, então vamos murar e pintar, vai ficar mais bonito até para Serra Grande, que vai ficar mais bem vista com esse campo murado. A população vai continuar usando, nunca vamos proibir ninguém de jogar, mas tenho uma sobrinha que canta, e quando tiver um evento a gente vai poder lucrar um pouco também, todo esse tempo a gente não lucrou em nada. Nunca falamos em acabar o campo ou proibir a comunidade de jogar, brincar, a gente não quer isso, sabemos que esporte é vida.

Vocês dizem que o campo de futebol é carente de infraestrutura e que vocês têm preocupações em relação a essa frágil infraestrutura. Já aconteceu algum acidente por ele ter cerca de arame farpado?

Ednorá Lima – A cerca de arame é perigosa, inclusive já teve um acidente uma criança daqui, ela se cortou toda e precisou dar ponto.

Adenora Lima – É por estas questões também que pensamos em fazer o muro.

Adenilson Lima – Até os próprios jogadores reclamam que a bola bate no arame e fura, o muro seria um bem pra todo mundo, né!

Vocês tem uma área de lazer e esporte que é vinculada a um espaço comercial, que é o bar e restaurante e que hoje vocês estão com a visão de organizar e estruturar melhor, até como forma de proteger a sociedade. Qual é a dificuldade que vocês estão enfrentando para executar essa melhoria?

Adenilson Lima - É os “telefones sem fio”, porque o pessoal comenta que a gente quer murar e não deixar mais ninguém entrar, e a gente garante que não é isso. A gente quer murar para ter uma infraestrutura melhor, questão de estética também.

Ednorá Lima – E a valorização que vai dar a Serra Grande. Eu acredito que somos umas das famílias que mais contribui e vai continuar contribuindo para que Serra Grande tenha uma maior estrutura e organização.

O vereador da comunidade, Luiz de Serra Grande, teria que se unir a nossa família e prestar auxílio, mas ele está fazendo o contrário, causando briga entre a comunidade e a nossa família, a gente não pode nem sair na rua, jogam bomba na nossa casa, dizem que vão derrubar o muro quando fizermos, tudo isso incentivado por ele. Meu pai doente com isso, não consegue sair.

Há muitos anos vocês estão exercendo uma função pública numa área privada, é isso?

Ednorá Lima – Exatamente, porque não é nossa obrigação fazer isso, mas a gente está exercendo essa função que seria dos próprios governantes.

Vocês têm essa consciência que essa responsabilidade é do poder público, mas pela carência de infraestrutura na própria Serra Grande vocês exercem esse papel para que a comunidade não fique em falta?

Adenilson Lima – Sim, porque como o vereador Luís fala que a única área de lazer em Serra Grande é esse campo. Tem uma quadra de esportes, mas está mal cuidada.

Nos fale dessa quadra de esportes que existe em Serra Grande.

Ednorá Lima – Temos uma quadra de esportes que é vinculada à Escola Maria Joana dos Santos e penso eu que esse vereador que representa a nossa comunidade deveria criar um projeto para melhorar esse espaço do poder público, que está numa situação muito ruim. Então gostaríamos que a Prefeitura e a Câmara de Vereadores pudessem olhar para essa quadra e revitalizar para servir a comunidade, que ganharia mais uma área de lazer e esporte para usufruir.

Adenilson Lima – Nosso campo é uma área privada, então o poder público não tem nada de equipamento público para lazer e esporte aqui em Serra Grande, já que essa quadra está inutilizada e ainda quer tomar posse de uma área privada e que fala que é a única que tem. Isso não é verdade, tem a quadra.

Ednorá Lima – O vereador fala que o campo é a única área de lazer que tem porque nós estamos cuidando e cuidamos porque é nosso.

Muro da quadra de esportes de escola municipal. O único equipamento público de lazer da localidade está em condições precárias, segundo informações da família. (Foto: Divulgação)

Depois de murado e organizado, o que vocês pretendem fazer com o campo?

Adenilson Lima – Fazer eventos, shows, depois que acabar a pandemia vai ter campeonato, vamos ceder para o esporte e isso vai gerar lucro pra toda comunidade, gera fluxo de pessoas e todos podem colocar sua barraca, a cidade inteira vai ganhar.

Vocês pretendem continuar dando sua cota de contribuição social cedendo o campo em dias e horários específicos para a comunidade?

Ednorá Lima – Com certeza, nós amamos a arte, o esporte, o lazer, então não tem porque proibirmos, não somos contra ninguém de Serra Grande. São 31 anos que a gente já dá essa contribuição, então não tem fundamento essa acusação de que a gente vai acabar isso com o muro.

Vocês tem nesse espaço que contempla também o campo uma área de dois hectares e meia, e dela tiram o sustento com a roça de cacau. Como está o acesso da família a esta roça com o campo aberto?

Ednorá Lima – Como está tudo aberto, a gente não pode nem ir no fundo da roça porque pode ter alguém lá como já aconteceu, não temos segurança, um dia eu estava passando por dentro da plantação de cacau e tinha dois homens, eu tive que voltar, então o muro também servirá para dar um pouco de segurança a nossa propriedade. Hoje em dia, os próprios jogadores entram na roça da gente e bagunçam, tem muitas fezes e ficamos impedidos de passar. Temos uma fonte e com essas fezes fica perigoso usar por causa das doenças que podemos adquirir.

Ednorá, resumindo, o que vocês precisam hoje para conseguir executar esse desejo de murar e organizar o campo?

Hoje nós queremos que os poderes constituídos, a Câmara de Vereadores, especialmente o Ministério Público e a Prefeitura nos dê a proteção de cuidar e de sobreviver do que é nosso e continuar contribuindo com a comunidade. Aproveitamos para cobrar do poder público que cuide e zele do espaço público que é a quadra esportiva vinculada à Escola Maria Joana dos Santos, principalmente para uso dos alunos que necessitam desse espaço.

Suas considerações finais.

Ednorá Lima – Queremos falar para toda a comunidade daqui de Serra Grande que meu pai já serviu tanto e hoje com 86 anos está sendo agredido, está doente com toda essa situação causada. Meu pai sempre ajudou a comunidade sem pedir nada em troca, então ele merece ser respeitado. Todos nós estamos sofrendo em vê-lo na situação que está. Faço esse apelo em nome de toda a família, à comunidade de Serra Grande. Quem tiver valor e dignidade, pedimos essa compreensão que nós amamos muito ele.

Adenilson Lima – Eu nasci aqui, hoje eu moro fora, mas quero pedir que a sociedade tenha mais um pouco de respeito com o meu pai que já mora aqui há muito tempo, e hoje está doente, não consegue nem sair de casa por causa de toda essa situação que está acontecendo referente ao campo. Meu pai sempre serviu e vai continuar servindo, como o próprio vereador Luís fala, o campo tem 31 anos, então são 31 anos servindo a comunidade que só cresceu. Serra Grande hoje é conhecida praticamente em toda a Bahia por causa desse campo.

 

 

 

 

 

 

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