JANELAS ABERTAS GREGÓRIO JOSÉ

Escrevo este artigo em alguns atos, principalmente porque o assunto educação merece destaque e seriedade redobrada. Escrevi outras vezes o quão prejudicial está sendo o uso de celulares na educação. E não só em países em desenvolvimento, mas de um modo geral e, inclusive nações desenvolvidas e com altos índices de ensino/aprendizagem.

Desta vez, relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apresentou estudo e apontou a necessidade de critérios rigorosos para o uso de celulares e tablets em salas de aula, isso além de recomendar que o ensino online seja desincentivado para o bem da aprendizagem.

Além de atrapalhar os alunos, o uso desenfreado faz com que os números da educação caiam cada vez mais. Alguns países já baniram total ou parcialmente o uso de celulares nas escolas como México; Portugal; Espanha; Finlândia; Holanda; Suíça; Estados Unidos; Letônia; França; Guiné; Uzbequistão; Bangladesh; Escócia; e províncias do Canadá.

A Unesco apontou ainda que um em cada quatro países no mundo proíbe ou tem políticas sobre o uso do celular em sala de aula mostrando impactos severos impactos do smartphone na aprendizagem e na concentração dos estudantes, principalmente porque os distrai durante a aula.

As desigualdades de aprendizagem ficam ainda maiores entre os alunos quando a instrução é exclusivamente remota e o conteúdo on-line, muitas vezes é inapropriado ao contexto. Um estudo de coleções de recursos educacionais abertos descobriu que quase 90% dos repositórios on-line de ensino superior foram criados na Europa ou na América do Norte; 92% do material da biblioteca global “Recursos Educacionais Abertos Comuns” estão em inglês e não foram traduzidos para outros idiomas.

Para piorar a situação, o uso do chat GPT (Inteligência Artificial) é um outro fator que já ascendeu a luz dos profissionais de Educação para que se repense quando e como lançar mão dele por alunos, assim como para os profissionais nas escolas.

Sem laboratórios, sem estrutura

Algumas disciplinas educacionais chamam pouca atenção dos alunos quando necessitam de aulas práticas para que possam construir um aprendizado adequando como a Física, a Ciência, a Biologia, a Matemática e a própria Tecnologia da Informação.

Como estas disciplinas poderão ser atrativas e interessantes se as escolas, em sua grande maioria do Ensino Fundamental ou Médio mal possuem espaços físicos adequados, muitos prédios são antigos, com carteiras impróprias para a ergonomia dos estudantes e, algumas, sequer possuem quadros-negros ou lousas brancas.

Muitos prédios têm rachaduras em paredes, não possuem ventiladores (muito menos ar-condicionado), janelas emperradas e com vidros quebrados, sendo que algumas Brasil afora ainda não possuem laje, forro de gesso (ou de madeira) e as telhas ou são de amianto ou francesa.

Então, não é possível vislumbrar um mínimo aprendizado e exigir de alunos que amem aulas de Ciências e Biologia se a grande maioria não possuem laboratórios com microscópios, lâminas preparadas, reagentes químicos básicos (ácidos, bases e sais), vidrarias diversas (tubos de ensaio, pipetas etc.), balança digital e termômetro. Isso seria o mínimo do mínimo necessário.

Um laboratório de Matemática deveria ter, ao menos algumas ferramentas concretas como teodolito, ábacos, blocos lógicos, geoplanos, material Cuisinaire, material dourado etc., jogos matemáticos, como dominós matemáticos, torre de Hanói, tangram; enquanto um laboratório de Física precisaria de réguas, trenas e paquímetros – para medir distância, comprimento ou espessura; cronômetros; dinamômetros. Hastes, tripés e fixadores metálicos – acessórios importantes para realizar montagens mais elaboradas de experimentos.

Mas, aqui, impossível penar em uma escola pública com tantos equipamentos. Então, como exigir que nossos estudantes entendam a importância destas disciplinas?

Como experimentar, na prática, através de aulas on-line (virtuais)?

Mais do que repensar a Educação no Brasil é preciso repensar nossos espaços, mas ouvindo aqueles que se formaram para ensinar. Nada imposto por um político em Brasília ou um pseudoestudioso saído de nomeações dos gabinetes políticos.

Chat GPT na Educação

Quando foi lançado há pouco mais de três meses, o Chat GPT (IA) teve, em apenas cinco dias, um milhão de usuários inscritos. 100 milhões com somente dois meses de existência. Por estes números é possível verificar o poder desta ferramenta. Mas o que é GPT?

GPT é a abreviação de Generative Pre-Trained Transformer (traduzindo pelo Google: Transformador Pré-Treinado Generativo). Para acessar é simples: chat.openai.com e, para navegar, é preciso criar uma conta, colocar usuário, senha, algumas informações básicas e já pode usá-lo à vontade!

Já teve entrevista de jornalistas com a Inteligência Artificial e, teve até uma entrevista FAKE com o piloto acamado Michael Schummacher que custou o cargo da jornalista que decidiu publicar o conteúdo. Afinal, o programa “respondeu” por ele.

Hoje é possível criar personagens fake, produzir entrevistas, criador conteúdo, e escrever poemas, poesias e textos dissertativos, desde que “orientado” por quem busca a informação. Outros aplicativos semelhantes estão aí, mas este vem conquistando os corações, assim como Orkut; Facebook; Instagram; Twiter; WhatsApp, YouTube e outros.

Mas, e na educação? Como usá-lo e até que ponto é o questionamento do momento.

Não tão distante, professores, seja de escolas públicas, particulares ou até mesmo faculdades criticaram a onda do “copia e cola” muito utilizado por alunos para “ganhar tempo” e fugir dos “trabalhos de casa”.

Muitas pessoas foram ameaçadas de serem expulsas de instituições sérias e, alguns mestres e doutores tiveram que puxar a orelha de seus orientados para a prática nefasta.

Mas, o Chat GPT vem dando um nó na cabeça dos professores uma vez que rastrear a resposta de um trabalho, tese ou dissertação ficou mais difícil com o aplicativo.

Até mesmo fotogravuras e desenhos vêm sendo criados pelo aplicativo. Tanto é assim que as grandes empresas do segmento e desenvolvedoras já fizeram um pacto de inserir uma “marca d’água” quando for desenho criado pela IA.

Mas, e quanto aos textos?

Estudiosos e especialistas entendem que “proibir o uso”, não vai resolver.

Se os debates quanto ao uso do celular e do tablet durante as aulas presenciais já vem provocando debates, é hora de países, como o Brasil, fazer o mesmo. Mais cedo, ou mais tarde, o problema chegará quando verificarmos que a educação do País está ainda pior, mesmo com tanta tecnologia.

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.