No último dia 17 de janeiro, mais um acidente de lancha nas águas do município-arquipélago de Cairu tirou a vida de um inocente, e levantou o debate sobre a prevenção de novas tragédias

Em acidentes marítimos, ou qualquer outro tipo de acidente, até que as autoridades responsáveis e a Justiça denomine as causas e o culpado, não é possível ‘apontar dedos’. Apesar disso, sabemos que inúmeras atitudes, ou a falta delas, na grande maioria das vezes, contribui para que acidentes aconteçam, entre elas a falta de experiência, prepotência, negligência profissional, imprudência e falta de atenção do operador às normas de segurança exigidas pela Marinha e a ineficiência de fiscalização. A não obediência, quando o condutor ultrapassa a velocidade permitida, quando pilota sua embarcação embriagado; e a fraca fiscalização, quando não é exigido dos marinheiros o cumprimento da legislação. Ambas atitudes tem sua parcela de culpa nos índices de acidentes marítimos. Só em 2020, os 817 acidentes catalogados pela Marinha até o mês de novembro, fizeram 236 vítimas fatais no Brasil. É preciso uma força tarefa para que em 2021 esses números possam diminuir.

“As investigações sobre as circunstâncias dos acidentes têm mostrado que os sinistros a bordo de navios e embarcações de todos os tipos são, na maioria dos casos, provocados por um conhecimento insuficiente ou desrespeito à necessidade de adotar precauções”, constatou a Marinha brasileira após o Fórum Internacional de Investigadores de Acidentes Marítimos (MAIIF).

O artigo “Grandes acidentes marítimo”, do Bacharel em Ciências Náuticas, Taynan Ribeiro, apresenta em detalhes as causas que originam os acidentes. Acompanhe:

 Falta de Experiência: Quando postas operações a cargo de um profissional não preparado para exercer tais funções; O mesmo não é inteiramente capaz física ou intelectualmente de lidar com os diversos estados da máquina, ou por falta de informações ou treinamento e instruções inexatas, em desacordo com o nível que deveria ter.

Imprudência: Quando se age com falta de cautela, conhecer e praticar o que não convém. Este tipo de atitude pode levar a prejuízos não só para o próprio profissional como para outros tripulantes e vidas a bordo em geral.

Negligência: Considera-se negligência a operação profissional com displicência, desatenção e falta de cuidado. Pode ser relacionada a uma pessoa, situação especifica, ou a um objeto, instalação

“Também não se pode descartar as condições climáticas e ainda os problemas de maquinário”, acrescenta o estudo.

Uma das ações positivas é realizada anualmente pela Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), a campanha “Legal no Mar – Navegue com Segurança", que teve sua 24ª edição lançada no final do ano passado. Criada em 1996, esta campanha consiste em um conjunto de ações educativas, relativas à segurança da navegação, à salvaguarda da vida humana no mar e à prevenção da poluição do meio ambiente hídrico causado por embarcação. 

A nova gestão da Prefeitura de Cairu também iniciou o ano com uma série de ações para fiscalizar lanchas que realizam atividades turísticas no arquipélago.

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Acidentes

Um adolescente de 12 anos, morador de Canavieiras-Cairu, morreu e outras três pessoas ficaram feridas em uma batida entre duas lanchas, na noite do último dia 17, na Ilha de Boipeba. O impacto da colisão foi tão grande, que uma das lanchas foi parar em uma área de vegetação.

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Lancha envolvida em acidente que matou adolescente de Canavieiras no último dia 17 de janeiro (Foto: Reprodução)

De acordo com a Marinha do Brasil, uma das lanchas é inscrita na Capitania dos Portos da Bahia (CPBA), nomeada como “Olivence VI”. A outra, no entanto, não tem inscrição, nem nome. Como de praxe, a Capitania dos Portos instaurou um inquérito para investigar a causa do acidente e identificar os possíveis responsáveis.

Lancha envolvida em acidente que deixou quatro mortos em Angra dos Reis - RJ, no último fim de semana (Foto: Reprodução)

Um dia antes da tragédia em Cairu, um outro grave acidente entre lanchas, ocorrido em Angra dos Reis-RJ, teve repercussão nacional, ao deixar quatro pessoas mortas, destas, três eram da mesma família, sendo uma criança, a mãe dela e a avó materna.  Além dos mortos, outras seis pessoas ficaram feridas no acidente. Todas eram turistas do Rio que passavam o fim de semana em Angra.

Em novembro de 2019, um turista argentino morreu numa batida entre duas lanchas, na região de Morro de São Paulo - Cairu.

185

Em caso de acidentes no mar, deve-se ligar para o número 185, da Salvamar Brasil. SALVAMAR é o nome pelo qual é conhecido o Serviço de Busca e Salvamento da Marinha.

Os 10 Mandamentos da Segurança no Mar

1) Faça a manutenção correta da sua embarcação;

2) Tenha a bordo o material de salvatagem prescrito pela Marinha do Brasil;

3) Respeite a lotação da embarcação e tenha a bordo coletes salva-vidas para todos os tripulantes;

4) Mantenha os extintores de incêndio em bom estado de conservação e dentro da validade;

5) Ao sair, informe o seu plano de navegação ao seu iate clube, marina ou condomínio. Leve sempre algum equipamento de comunicação, por exemplo um celular;

6) Conduza sua embarcação com prudência e em velocidade compatível para evitar acidentes;

7) Se consumir bebida alcoólica, passe o timão para alguém habilitado que não tenha consumido bebida alcoólica;

8) Mantenha a distância de 200 metros da linha base das praias e dos banhistas;

9) Respeite a vida, seja solidário, preste socorro; e

10) Não polua o mar.

Com informações da Marinha do Brasil

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