Campeonato aconteceu em Lakeland, na Flórida

Planejamento, montagem, voo. Os estudantes que integram a Axé Fly, equipe de aerodesign da Universidade Federal da Bahia (Ufba), estão acostumados com esse processo em competições regionais, nacionais e até internacionais. Este ano, entretanto, o resultado teve um gosto a mais: eles conquistaram o primeiro lugar no Campeonato Mundial de Aviação.

A competição aconteceu na cidade de Lakeland, nos Estados Unidos. Em segundo lugar ficaram os chineses, e os canadenses levaram as medalhas de bronze. No ano passado, a equipe baiana ficou em segundo lugar na competição internacional. Além disso, acumula o ouro das duas últimas edições do campeonato nacional, em 2022 e 2023.

A equipe é formada por estudantes das diversas escolas de engenharia da Ufba, e hoje é composta por 13 homens e cinco mulheres. Francisco Bautista, 27, estuda engenharia mecânica, diz que participar do mundial pela segunda vez teve a mesma sensação da primeira: “um misto de felicidade e orgulho de representar o país em uma competição de alto nível”.

“É uma felicidade imensa ter participado desta conquista. Há alguns anos, sonhávamos em estar entre as cinco melhores equipes do Brasil. Hoje, sermos considerados os melhores entre diversas universidades renomadas do mundo é um orgulho enorme para toda a equipe envolvida neste projeto”, disse.

Para competir, as principais regras este ano foram a envergadura da asa, que deveria ter no máximo quatro metros e meio, comprimento de pista para decolagem de aproximadamente 30 metros e que o avião deveria ter motorização elétrica com uma potência limitada em 750 watts.

 A avaliação começa com a fase do projeto, quando o grupo envia um relatório técnico para a comissão explicando a metodologia do plano até chegar na configuração da aeronave. Depois, os estudantes defendem o projeto em uma apresentação oral. A última etapa é a do voo, que acontece duas semanas depois da defesa.

Para que o avião receba autorização para voar, é preciso passar por uma inspeção de segurança, em que as equipes mostram que a aeronave está íntegra e não apresenta riscos aos participantes. “Uma vez que a aeronave está aprovada na inspeção de segurança, a gente recebe um carimbo que permite que a gente voe. Então, sábado e domingo são dedicados aos voos. A gente voa com a carga prevista e os pontos são somados”, explicou o engenheiro Lucas Brandão, de 31 anos.

Brandão fez parte da Axé Fly durante a maior parte da sua graduação. Hoje, ele acompanha os estudantes nas competições como uma espécie de mentor e também como piloto reserva. Segundo ele, após tantos anos aprendendo com a equipe, é importante retribuir transmitindo o que aprendeu enquanto era competidor.

“Eu entrei na equipe logo no meu terceiro semestre da faculdade, em 2012. Tem pessoas que entram e saem depois de um ou dois anos, então, acabam perdendo conhecimento. Esse foi um problema que eu fui identificando durante o meu tempo como competidor. Por isso, depois que me formei, continuei auxiliando a equipe justamente para evitar essa quebra de conhecimento”, disse.

Emoção e orgulho estavam estampados nos rostos de familiares dos membros da Axé Fly quando avistaram os estudantes cruzando o portão de desembarque no aeroporto. Para André Castro, 20, estudante de engenharia elétrica, reencontrar os pais após a conquista foi pura alegria: “[Eles] são meus maiores apoiadores”.

Apesar de ser um dos mais novos, André é o capitão da equipe. Ele conta que fazer parte da competição é uma experiência única: “Tive contato com pessoas do mundo inteiro e pude ver projetos com soluções diferentes das que desenvolvemos, foi muito bom para abrir a mente. Pra mim, pessoalmente, participar da Axé Fly já se tornou um estilo de vida. Dedico boa parte dos meus dias e noites ao projeto e, mesmo assim, continua sendo algo prazeroso de participar”.

Além do primeiro lugar geral da Classe Regular, a Axé Fly também levou o segundo lugar em Performance em Voo, o terceiro lugar em Relatório Técnico e o quarto lugar em Apresentação Oral.

Reportagem do CORREIO

Imagem em destaque: Arisson Marinho/CORREIO

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