Com maior acesso a informações que antes estavam relegados apenas à ala médica, as mulheres estão tomando a decisão de parar de tomar o anticoncepcional

Tida como uma das maiores emancipações femininas no passado, cada vez mais, nas redes sociais ou entre conhecidas, mulheres estão decidindo e declarando o abandono à pílula anticoncepcional. Com maior acesso a informações que antes estavam relegadas apenas à ala médica, as mulheres estão tomando a decisão de parar de tomar o anticoncepcional, na contramão da decisão que foi tomada na década de 1960, quando a pílula foi desenvolvida.

O UOL entrevistou a ginecologista Carolina Ambrogini, especialista em sexualidade e coordenadora do ambulatório do Projeto Afrodite da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que afirma que muitas pacientes vem procurando seu acompanhamento com o objetivo de parar de tomar o medicamento. "Hoje, a mulher começa a tomar pílula aos 15 e para aos 35. É tempo demais. Há maior acesso aos efeitos colaterais do anticoncepcional, que podem ser graves", revela a especialista.

As motivações para o abandono são muitos: descontentamento com os efeitos colaterais, responsabilização desigual em relação aos métodos contraceptivos entre homens e mulheres e ao desejo de conhecer o próprio corpo, longe dos efeitos dos hormônios da pílula, revela a antropóloga Bruna Klöppel, mestranda em antropologia na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

A internet tem papel fundamental nessa mudança de padrão de comportamento. Graças a ela, a informação é melhor difundida, chegando a um maior número de mulheres. "Elas tornam mais visíveis não só as questões levantadas pelo movimento feminista, mas também os métodos contraceptivos não hormonais, que não têm tanta divulgação dentro dos consultórios médicos", declara Bruna.

Segundo Carolina, as mulheres passam a ter maior poder de decisão sobre seu corpo e incluem o parceiro de forma mais eficaz na contracepção. "É uma boa forma de responsabilizar o homem, que fica só nos benefícios quando a mulher toma pílula", diz a ginecologista.

Uol

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