Politizando

Quem tem fé, vai a pé. Bordão muito utilizado pelos fiéis que sobem a Colina Sagrada, rendendo graças em homenagem ao Senhor do Bonfim e plagiado por alguns valencianos, na ocasião da Lavagem da festa de Nossa Senhora do Amparo, anunciando que aquele momento tão esperado do ano, chegou. Eu peço mesmo que àqueles que subiram a pé a nossa Colina Sagrada, no último domingo, tenham consciência de que nossa cidade precisa ser observada com muito mais cuidado.

Em anos que antecedem as eleições municipais, todos os pré-candidatos, para todos os cargos eletivos, costumam aparecer. A grande maioria deles, trata a festa como uma prévia das eleições e, costumam levar consigo, multidões, sempre diferenciadas por cores. Em função de uma das minhas atividades profissionais, trafego bastante pelas periferias da cidade, ao ponto de afirmar com convicção; os problemas sociais encontrados no centro da cidade, são de mesma monta, que os encontrados na periferia. O que difere centro e periferia, são as marcas de disparos de armas de fogo encontradas nas paredes e as especificidades geográficas. Relato isso, pois, na pouca distância percorrida a pé pelos nossos pré-candidatos, temos uma amostra quase perfeita de todos os problemas da nossa cidade. No alto da colina, o sincretismo religioso e a vista altaneira e briosa da nossa cidade, ao invés de trazer à luz aos compromissos com a cidade e com o seu povo, parece ficar na memória, apenas, dos registros feitos e postados em redes sociais.

Acho muito mal utilizado o lindo e promissor espaço onde encontra-se localizada a Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Em toda a cidade, o calçamento e a sinalização horizontal e vertical deveriam se fazer presentes, bem como a utilização de placas de logradouros e das que permitem identificar bairros e pontos turísticos. Sendo o alto do Amparo uma atração turística, caberia, àquele espaço, um projeto de paisagismo, criando espaços atrativos para turistas e munícipes, com barracas, assentos, rodas de capoeira, parques e espaços destinados à prática de atividades físicas. O gradil que, timidamente, já replica o da Basílica do Senhor do Bonfim, poderia ser mais estimulado para tal finalidade, inclusive, com a ajuda da própria Paróquia e de modo que aquele ambiente tenha vida durante todo o ano, pois, não há na cidade, nenhum outro espaço, com as mesmas características.

No processo de construção e mudança de realidade de um espaço social, nada se cancela ou se exclui. Necessário se faz a participação e a colaboração de todas as cores presentes na festa e, não somente de quatro em quatro anos, mas, de maneira profícua. O valenciano está cansado de viver numa cidade provinciana, embora, ainda não tenham encontrado o caminho para a fuga desta triste realidade. Valença tem a sua estatística de não reeleger prefeitos, pois, seus munícipes acreditam que o caminho para a cidade que desejam, está em gestões sustentáveis, voltadas às políticas públicas, que incentive boas práticas e que seja capaz de lhes dar mobilidade social.

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