Estado teve 91 assassinatos motivados pelo crime e 316 ataques contra vítimas, chegando a 3ª posição no país, contabiliza boletim

Um estudo com dados de sete estados brasileiros aponta que, em 2022, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas: foram 2.423 casos — e 495 deles terminaram em morte.

O levantamento consta do boletim “Elas Vivem: dados que não se calam”, da Rede de Observatórios da Segurança, lançado nesta segunda-feira (6). A terceira edição do documento compilou os registros na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

O maior número de eventos foi registrado em São Paulo (898) — um a cada dez horas.

A Bahia é o estado com maior taxa de crescimento em relação ao último boletim, com uma variação de 58%com ao menos um caso por dia, além de ser o primeiro em feminicídios do Nordeste, com 91 registros. A cada semana, ao menos seis mulheres foram vítimas de violência na Bahia no ano passado.

Sabe-se, no entanto, que nem todos os casos de violência vêm à público na mídia, até porque muitos deles nem sequer chegam à polícia. Por isso, especialistas acreditam que os números sejam ainda maiores. O levantamento indica que, em um ano, mulheres foram vítimas de 93 homicídios, 91 feminicídios e 74 tentativas de feminicídio e/ou agressão física no estado.

No mesmo período, a Polícia Civil contabilizou 108 feminicídios na Bahia, número maior do que o registrado pelo boletim. No ranking nacional, o estado aparece em terceiro lugar, atrás apenas de São Paulo (898) e Rio de Janeiro (545). Larissa Neves, pesquisadora da Rede de Observatórios na Bahia, analisa que o aumento de mais de 50% no número de registros é resultado da falta de ações do poder público para combater a violência.

“O aumento está atrelado a falta de medidas de prevenção de maneira efetiva. É de extrema urgência que se aumente a proteção judicial das mulheres que já procuraram a polícia”, pontua. Medidas protetivas, utilização de equipes multidisciplinares e decreto de prisão preventiva são ações que a Justiça pode tomar diante de casos de violência doméstica.

“Existe a necessidade de que todas as pessoas tenham um conhecimento social sobre essas questões para que a gente possa transformar esses números, que aumentam a cada ano”, explica a pesquisadora baiana Larissa Neves.

Violência em casa

A maior parte dos registros nos sete estados tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

“Para além da responsabilidade individual, precisamos refletir sobre a responsabilidade do estado em tolerar que tantos feminicídios aconteçam. Já foram assinados tratados e já avançamos em algumas direções, mas ainda se permite a impunidade. E isso se dá ao não saber como esse crime acontece, não se fazer o devido registro, não qualificar juridicamente da maneira correta”, explica Edna Jatobá, coordenadora do observatório da segurança de Pernambuco.

Metodologia

Os dados do boletim são produzidos a partir de um monitoramento diário do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança. As informações coletadas alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.

A violência contra mulher é o terceiro indicador de violência mais registrado pela Rede de Observatórios, atrás apenas de eventos com armas de fogo e ações policiais — que tradicionalmente ocupam o noticiário policial.
Imagem em destaque:
Fonte: G1 Bahia e Correio

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.