Dados foram fornecidos ao Jornal Valença Agora nesta terça-feira, 09, pelo Centro de Referência de Atendimento a Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CRAM Baixo Sul).

O Centro de Referência de Atendimento a Mulher no Baixo Sul divulgou relatório que consta os atendimentos realizados entre novembro de 2010 (mês/na em que foi inaugurado) a dezembro de 2016. Ao todo, 1.270 mulheres foram atendidas pelo equipamento, 546 delas oriundas de Valença, 33 de Presidente Tancredo Neves, 32 de Cairu, 12 de Ituberá, 12 de Camamu, 7 de Taperoá, 4 de Nilo Peçanha, 2 de Jaguaripe, 2 de Teolândia, 3 de Piraí do Norte e 3 de outros municípios.

Desse montante, 43% das mulheres atendidas afirmaram ter registrado Boletim de Ocorrência contra seus agressores, e 57% não realizou o B.O. O CRAM recebeu nos meses de maio e junho, ofícios de encaminhamentos da 2º Vara Criminal da Comarca de Valença-BA, solicitação de acompanhamento de mulheres em situação de violência, sendo três de Valença, duas de Presidente Tancredo Neves e uma de Cairu.

Sobre os agressores, 57% das mulheres declararam que eram agredidas pelo parceiro com quem mantinham relação amorosa; 33% dos agressores foram seus ex-companheiros; 4% outro familiar; 3% filho; 1% pai; 1% vizinho ou conhecido e 1% outra pessoa.

A ex-coordenadora do CRAM, a psicóloga Luciane Silva reforça que os dados apresentados não são representativos da realidade do Baixo Sul. “Muitas mulheres tem medo, vergonha ou nem sabem que estão em situação de violência, visto que a ideia predominante é que a violência física é a única forma passível de punição, o que não é real, segundo a Lei Maria da Penha, temos cinco tipos de violência: física, moral, sexual, patrimonial e psicológica”, afirma.

De acordo com o Relatório, neste período 71% dos atendimentos foram de mulheres residentes da zona urbana e 29% da zona rural. Entre os tipos de violências sofridas pelas mulheres, a violência psicológica foi a mais preponderante com 529 casos, seguida da violência moral (407), violência física (404), violência patrimonial (227) e violência sexual (128). O Balanço aponta que a maioria das mulheres atendidas eram solteiras (342). O CRAM também atendeu mulheres com união estável (142), casadas (121), divorciadas (18), viúvas (7), separadas (6) e namorando (5).

O documento também mostra que dos 1.270 atendimentos foram de mulheres desempregadas (43%). 17% das mulheres atendidas possuíam emprego formal, 3% consideravam-se autônomas, 5% aposentadas e 32% possuíam emprego informal. Sobre a escolaridade das mulheres atendidas nesse período, o balanço diz que 12% das mulheres vítimas de violência que passaram pelo serviço, eram analfabetas, 10% eram alfabetizadas, 39% possuíam Ensino Fundamental, 34% Ensino Médio e 5% tinham Ensino Superior.

O relatório anual do ano de 2017 do CRAM indica 735 atendimentos e 326 acompanhamentos de mulheres vítimas de violência.

 

Conheça o CRAM

 

O CRAM – Centro de Referência de Atendimento a Mulher são estruturas essenciais do programa de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher. Foi criado a partir da Lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha.

É um serviço público e gratuito de prevenção e atendimento psicológico, social, jurídico e pedagógico, para mulheres que vivem em situação de violência doméstica, e foi criado com base no reconhecimento de que a violência de gênero é um fato que exige intervenções efetivas do Estado e Município para assegurar os direitos garantidos na Constituição.

Nessa perspectiva, os Centros de Referência de acolhimento/atendimento devem exercer o papel de articulador das instituições e serviços governamentais e não governamentais que integram a Rede de Atendimento a mulher.

Tem como público alvo, mulheres a partir de 18 anos de idade, independentemente de raça, etnia, classe social, situação econômica, crença e orientação sexual, em situação de violência.

Entre os objetivos do serviço estão: Oferecer assistência psicológica, jurídica, social e pedagógica às mulheres em situação de violência doméstica e familiar; resgatar autoestima, proporcionando empoderamento de sua ação na família e na sociedade e favorecer o acesso aos serviços de saúde, justiça, educação, habitação (se necessário), geração de renda e segurança.

O CRAM oferece atividades terapêuticas e educativas; acolhimento e escuta qualificados, acompanhamento psicológico e social; orientação jurídica; sigilo; possibilidades de aprendizagem para a superação da violência; acolhimento educativo para seus(as) filhos(as); participação em oficinas de geração de renda e encaminhamento à rede de Atendimento e apoio às Mulheres.

Em Valença, o CRAM está localizado na Praça Dois de Julho, n° 14, Centro, ao lado do antigo Fórum. Telefone: (75) 3643 – 1601.

Foto: Getty Images

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