Por – Mª da Glória de Souza Augusto da Silva

Esses dias surpreendi-me com uma boa lembrança. Certa vez, fui convidada para o lançamento do livro Acamara de Aramaca de autoria do Sr. Francisco Marques de Magalhães Neto, Chico (Aramaca). Logo na chegada, fui acolhida por uma recepcionista e convidada a fazer o cadastro para receber meu exemplar. Em seguida, me dirigi aos aposentos, onde, enquanto esperava todo o protocolo, folheava o meu livro (claro, já era meu) para saber do que se tratava. Porém, no primeiro contato, o que mais me impactou, foram as fotografias. Elas conversavam comigo: lindas, nítidas, reais. Diria: vivas!

No desenrolar das falas, discursos... ia clareando mais o objetivo do “autor fotógrafo”. No entanto, ainda continuava o ponto de interrogação: e as fotos? Gosto de analisar, então vamos devagar! Só percebi o real sentido do livro, quando cheguei em casa e passei horas lendo todos os textos escritos e contemplando as imagens. Deixei o exemplar no sofá. A minha funcionária, Maria, foi fazer sua organização costumeira – vale ressaltar que a ideia do presente depoimento surgiu por conta da sua curiosidade que, por sinal, é uma curiosidade impecável! Claro que começou a folhear o livro. Percebi que estava muito atenta, admirando... com um semblante de alegria que pairava em sua face. Os olhos brilhavam maravilhados com o que viam!

“D. Glória, D. Glória!!! Todos são meus parentes: irmão, irmã por parte de pai, cunhado/cunhada, madrasta e etc...” – disse Maria. Então pensei: Agora sim, está (vejo) o real sentido deste livro. Ele não só privilegia a região do Baixo Sul mostrando toda a sua diversidade econômica, mas também, coloca em evidência quem não aparece nas fotos do dia a dia. Aqueles que pertencem e não se sentem pertencentes, os esquecidos pela nossa sociedade. Percebemos que as experiências vividas pelo povo têm uma documentação escrita bastante escassa ou quase nada.

Neste sentido, este livro pode preencher um vazio e constituir-se como um instrumento de reflexão e orientação útil, tanto para mulheres quanto para homens, que integram à causa do povo da região do Baixo Sul. É uma análise brilhante e concisa da cultura, da crença, das condições de vida e de trabalho de um povo. Fundamentalmente a sua capacidade de produzir, ainda que rusticamente, para o sustento dos seus familiares. Quero expressar aqui a minha admiração e o meu agradecimento ao autor pela dedicação e iniciativa, mulheres e homens da região do Baixo Sul por terem colaborado, dispensando o seu precioso tempo para embelezar ainda mais este exemplar.

É um livro, que agora sim, posso recomendar a todos.

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