carlos-magno

A coisa pode ser resumida, de maneira simplista, assim: Havia a mata. Na mata viviam os macacos, gambás e outros mamíferos. Sim e viviam os pássaros. E lá habitavam os mosquitos, que se alimentavam de frutos e de sangue dos animais. E os mosquitos eram alimento de várias espécies de pássaros. O homem estava praticamente fora. Algumas incursões. Casos raros de doenças.

Derrubaram a mata. Morreram os animais. Ou morreram a maioria dos animais. Dizimados pela derrubada. O alimento dos mosquitos diminuiu. Era o sangue dos mamíferos. Rompeu-se o equilíbrio. Os mosquitos só saíam da mata a uma distância de uns 500 metros. Com a destruição da mata, os mosquitos tiveram que se adaptar. No final do século XIX e nos primeiros anos do século XX, comprovou-se a transmissão de agentes infecciosos ao homem e a animais domésticos por insetos. Destruiu-se a mata. Os insetos se mudaram para dentro das casas dos homens. Ali, passaram a ter alimento todo o dia. Antes, na floresta, para se proteger dos predadores, os pássaros, os mosquitos saíam para se alimentar do sangue dos animais de manhã e à noite. Nas casas dos homens, sem predadores, passaram a se alimentar a toda hora. Dos homens. Do sangue deles. As fêmeas necessitam do sangue para maturar os ovos. Os machos são frutívagos. As fêmeas são as guerreiras infectadas. Infectam-se com sangue contaminado e transmitem aos homens sadios. Aos animais domésticos. Perpetua-se o ciclo da doença.

E não são só os vírus. Há sangue infectado por protozoários. Há outros mosquitos vetores de doenças no quadro. Culex, vetor da Wulchereria (filariose). O Anopheles transmite a malária. O famigerado Aedes, que se responsabiliza pela transmissão da febre amarela, da chikungunya, da dengue e, se não bastasse, agora do temido vírus da Zika, importada da África, da floresta destruída, chamada Zika. Há outros. Frutos do desequilíbrio ecológico. Há mais. Muito mais.

Conter a procriação do mosquito. Missão inglória. Uma tampinha de garrafa com água é um criadouro. Há de se tentar. Mas os resultados serão pouco eficazes. Os mosquitos e os insetos em geral estão ganhando a guerra. Estudos estão sendo feitos. Governos estão prometendo verbas para estudos e combate. Vacinas serão eficazes em pouco tempo. Enquanto isso, não se descuidar dos criadouros. É pouco prático, mas é o que se pode fazer, por enquanto, já que as relações de equilíbrio ambiental foram rompidas, as vacinas ainda estão quase em caráter experimental. Não nos esqueçamos de outros insetos. A doença de Chagas é transmitida pelo barbeiro, um inseto da subfamília Triatomínea, que vivia na mata se alimentando do sangue dos tatus, morcegos, ratos e depois, quando abateram as florestas, mudou-se para as precárias casas de terra batida ou de adobes, construídas pela miséria, onde famílias de homens vivem em condições de indignidade.

A coisa é simples assim. Ou parece ser. Nada é tão simples. Nunca é.

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