Escritores da AVELA presenteiam Valença com obra conjunta

A Antologia poética Esquinas da Alma foi lançada em maio por poetas membros da Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes; reportagem completa em nossa edição impressa nº 732

Sete escritores valencianos, membros da Academia Valenciana de Educação, Letras e Arte (AVELA) se reuniram na Antologia Poética Esquinas da Alma, obra lançada no dia 10 de maio, em solenidade realizada no Centro de Cultura Olívia Barradas, em Valença. O livro traz poesias dos autores Alfredo Gonçalves de Lima Neto, Ângela de Mérice Gomes, Gilson Antunes da Silva, Givaldo Ferreira Couto, Maria do Perpétuo Socorro Silva, Maria Raimunda Almeida Silva e Mustafá Rosemberg de Sousa.

“As Esquinas da Alma são as obliquidades que existem em cada ser humano, os meandros, os recônditos mais escondidos da personalidade e da individualidade de cada um, que a literatura faz vir à tona”, define o poeta Gilson Antunes sobre o que inspira o título da obra, acrescentando que na obra são congregados diversos pensamentos de diferentes autores. “O valor das antologias está justamente nessa possibilidade de ofertar uma diversidade de obras, pensamentos e estilos numa única obra”, completou.

Sobre o papel da literatura, Antunes se valeu das palavras do crítico literário já falecido, Antonio Candido. “Ele dizia que a literatura é um direito humano pra cada indivíduo porque através da literatura você vai mobilizar as potencialidades de cada indivíduo, você vai transformar a alma de cada um através do que o texto oferece nesse contrato com o outro com alteridade, então a literatura mobiliza, transforma, desaliena o indivíduo da forma cotidiana dele olhar a realidade”, concluiu em entrevista ao Jornal Valença Agora.

Mustafá Rosemberg, patrono da poesia do Baixo Sul da Bahia

O experiente Mustafá Rosemberg, poeta e médico consagrado, destaca que através da obra literária o conhecimento é espalhado para a juventude atual e para a posteridade. “A literatura reflete o desejo de ficar permanente e de continuar contribuindo para o desenvolvimento cultural da cidade, o que pra nós é um grande incentivo”, considera, pontuando ainda que “tem que abrir novamente as ásperas para dizer-lhes que é necessário o estudo, é necessário a leitura, é necessário o grande aprendimento”, pontua.

“O mundo precisa de mais poesia, o mundo tão cru, tão frio, tão desumano precisa de mais poesia e quando a gente encontra hoje uma obra com sete poetas valencianos falando sobre o amor, sobre a vida, a existência, a esperança, os sonhos, e também lamentando as desventuras isso serve de alerta, serve de grito para que as pessoas pensem e reflitam. É mais uma obra literária das tantas que Valença tem editado”, ressalta o escritor e poeta Alfredo Gonçalves, o qual também ressaltou a presença do Jornal Valença Agora.

“O Jornal Valença Agora presente é muito importante porque vocês têm um trabalho extraordinário de divulgação, com isso é possível que as pessoas vejam que Valença realmente tem uma sociedade pulsante e pensante que faz poesia, que faz arte, isso é muito bom”, frisou Gonçalves.

Maria Raimunda, presidente da AVELA e familiares

Maria Raimunda, presidente da Academia AVELA foi quem organizou a antologia. “Estamos muito felizes porque a resposta do público foi muito boa, a gente se esforçou, fez uma festa bonita, muita gente compareceu, vendemos bastantes livros e isso reflete na vontade das pessoas em ler”, avaliou.

Para o poeta Givaldo Couto, Valença, o lançamento de um livro tem um “valor inestimável”. “Um livro bonito, um livro que a sociedade vai sentir orgulho de seus escritores”, afirmou. Para Givaldo, a literatura fomenta a cultura erudita na sociedade. “Uma cidade com 100 mil habitantes tem que ter pessoas que cuidem, que representem e que velem pela cultura erudita, a literatura é a sexta arte, e a poesia está presente no nosso cotidiano, a gente precisa despertar nas pessoas a arte, a poesia, a leitura, a sociedade não pode viver sem cultura, sem a cultura popular, sem a cultura de massa e também sem a cultura erudita, é necessário que exista uma integração que contemple todos os níveis de conhecimento dessa sociedade”, considerou

“Leitura é sempre importante, escrever ainda é difícil, editar é mais difícil ainda porque hoje no Brasil é muito caro uma edição, mas é importante ter livros. O livro é um dos objetos construídos pelo homem que dificilmente vai sair de moda ou vai se perder ou ser trocado. Quando os e-books saíram com mais vigor se dizia que se acabariam os livros, mas  nós saímos dos disquetes pros CD’s, pro pen drive e pra nuvem, mas continuamos pegando um livro, abrindo a página e lendo onde e na hora que queremos, sem energia, à luz de velas ou de lamparina, então acho que o mais importante é essa oportunidade de escrever, de revelar mais um livro”, destaca a escritora Ângela de Mérice.

A autora defende que os livros estejam à disposição dos leitores. “O livro precisa estar nas bibliotecas, os professores podem trabalhar a nossa literatura. Talvez Valença tenha o maior número de escritores editando livro na Bahia”, ressaltou.

A escritora e professora Rosângela Góes prestigiou seus confrades de Academia e refletiu sobre a importância da publicação de livros. “Todo livro que é lançado cumpre a função social de fazer com         que o escritor chegue até o leitor, então quando muita gente escreve e mantêm seus textos guardados esse texto está morto. O lançamento de um livro de literatura como esse é mais um marco na publicação de autores de Valença porque isso democratiza a literatura que é considerada ainda uma arte de elite e não é democratizada o quanto deveria. A Academia quando faz uma iniciativa dessa ela está viabilizando que mais autores se lancem para que os seus leitores interajam com a sua obra e é isso que todos os membros da AVELA queremos, que mais pessoas leiam literariamente e escrevam, produzam seus textos e interajam com o mundo porque é assim que as pessoas evoluem, é assim que elas organizam seu pensamento crítico”, destacou.

Fonte: Jornal Valença Agora

Foto: Reprodução Facebook

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