amalia-grimaldi

De Melbourne, Amália Grimaldi. 2016

Surfista e tubarão fazem parte do dia a dia australiano. Quase sempre escuta-se o noticiário com trágicos acontecimentos de surfista mutilado por tubarão. Algumas das praias mais frequentadas da Austrália, como Surf Paradise, tem até rede de proteção protegendo os banhistas. Mas, na verdade, os surfistas procuram vencer os limites do próprio medo – e, se vestem de heróis. Os conservacionistas e os cientistas afirmam que o mar é de tubarão. Não ao extermínio dessas espécies, embora considerando-se a alta periculosidade destes ao banhista desprevenido. Cuidados e cartazes são espalhados pelos lugares onde mais aparecem tubarões. Surfistas são apanhados, não de surpresa.

Peixarias e restaurantes, onde são comercializados diversos pescados, veem-se sempre na mira de fiscais exigentes. Como norma a peixaria tem o dever de informar ao consumidor o tipo de peixe que está sendo consumido. Caso não esteja dentro das especificações legais, o restaurante, além de pagar multa terá confiscado o negócio.  Principalmente se o pescado estiver fora da estação. Os ativistas radicais, atrelados ao partido verde, estão com força total. “Sustainability” - Um pacote de leis nesse sentido acabou de ser aprovado pelo parlamento. O governo da Austrália procura zelar pela vida de plânctons, de bancos de corais e manguezais, berçário de muitas espécies marinhas. Não esqueçamos de que o país na verdade é uma ilha gigante localizada entre o oceano Pacífico e o Índico, tendo ao sul as águas geladas da Antártica. Portanto, um ecossistema bastante específico.

Mas, para desconsolo de quem aprecia, por aqui o peixe do mar encontra-se cada vez mais sumido. A indústria da piscicultura encontra-se bastante avançada. Bom negócio. A produção de ostras australianas é de grande porte, com tecnologia avançada, principalmente na Tasmânia.  Mas os camarões, estes vêm da Malásia ou da Tailândia. São graúdos e saltam aos olhos, mas, sem aquele delicioso sabor marinho. Temos que nos valer de temperos variados, em quantidade, para agradar ao paladar. Uso muita cebola, alho e tempero verde, incluindo o curry verde com sabor de capim santo e gengibre. O leite de coco (não necessariamente de coco), este vem da Ásia. As prateleiras do supermercado encontram-se repletas de produtos importados como estes.

Ah, que saudade do coqueiral do Guaibim! Mas, os tempos agora são outros. Sustentável, é a palavra do momento. É bom saber que desse jeito o futuro de muitas espécies marinhas estão sendo preservadas. Quanto ao mar, decididamente, este é mais para tubarão do que para surfista.  Tem-se que obedecer à cadeia alimentar. Preservar é o grito do momento. A guerra está declarada. E, quem viver, verá.

*Publicado na  edição impressa nº 594, do jornal Valença Agora.

 

 

 

 

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.